segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Óbidos: a cidade fortificada

No Verão passado, como já é costume desde que nasci, fui passar as minhas férias à vila de Óbidos.
Esta vila com cerca de 3100 habitantes é a sede do concelho de Óbidos, concelho esse que se localiza no distrito de Leiria, na NUT II Centro e na NUT III Oeste e que faz parte da Região de Turismo do Oeste. O concelho de Óbidos é limitado a nordeste e a leste pelo concelho das Caldas da Rainha, a sul pelo concelho do Bombarral, a oeste pelo concelho de Peniche e a noroeste pelo Oceano Atlântico, tem 142,17 quilómetros quadrados de área e cerca de 12 000 habitantes e está dividido em nove freguesias: as freguesias de A-dos-Negros, da Amoreira, das Gaeiras, do Olho Marinho, de Santa Maria, de São Pedro, do Sobral da Lagoa, da Usseira e do Vau.
Contrariamente ao que se costuma pensar, a palavra “ Óbidos” não deriva do termo” óbitos”, mas sim do termo “oppidum”, que significa “ cidadela” ou “ cidade fortificada”.
A ocupação de Óbidos remonta à Pré-História. De facto, a proximidade da costa atlântica despertou o interesse dos povos invasores da Península Ibérica, e, portanto, a povoação de Óbidos foi habitada pelos Lusitanos durante o século IV a.C., pelos Romanos durante o século I, pelos Visigodos durante os séculos V e VI, e pelos Muçulmanos, durante o século VIII, atribuindo-se a estes últimos a fortificação da povoação.
A povoação de Óbidos foi tomada aos Mouros, sob o comando de D. Afonso Henriques, rei de Portugal, e através de um estratagema, em 10 de Abril de 1148, e recebeu a primeira carta de foral em 1195, no reinado de D. Sancho I.
Óbidos também fez parte do dote de algumas rainhas portuguesas, como a rainha D. Urraca Afonso de Castela (esposa de D. Afonso II de Portugal e filha de D. Afonso VIII de Castela e de D. Leonor de Inglaterra), a Rainha Santa Isabel (esposa de D. Dinis e filha de D. Pedro III de Aragão e de D. Constança da Sicília), a rainha D. Filipa de Lencastre (esposa de D. João I e filha de D. João de Gaunt, duque de Lencastre e príncipe de Inglaterra, e de D. Branca de Lencastre) e a rainha D. Leonor de Aragão (esposa de D. João II, irmã de D. Manuel I, filha do infante português D. Fernando, duque de Viseu e de D. Beatriz de Portugal e neta do rei D. Duarte), entre outras.
Foi de Óbidos que nasceu o concelho das Caldas da Rainha, povoação anteriormente chamada de Caldas de Óbidos e que mudou de nome devido ao facto da rainha D. Leonor, esposa de D. João II, passar temporadas nesse local.
Actualmente, a principal atracção de Óbidos é o castelo medieval.
Este castelo foi construído durante a ocupação muçulmana (como se constata pela observação de alguns trechos das muralhas, de feições mouriscas). Contudo, no reinado de D. Sancho I (1185-1211), procedeu-se a obras no castelo (como se pode verificar através de uma inscrição na Torre do Facho) quando a povoação recebeu a carta de foral (1195).
O castelo de Óbidos teve muitos donos desde a sua remodelação.
Em 1210, o então príncipe herdeiro D. Afonso (futuro D. Afonso II) doou a povoação e o respectivo castelo à sua esposa, a rainha Urraca de Castela.
Depois, o castelo foi dado como presente de casamento pelo rei D. Dinis à rainha D. Isabel de Aragão (Rainha Santa Isabel), durante as núpcias ali passadas, e a vila passou a fazer parte do dote de todas as rainhas de Portugal até 1834.
Uma inscrição epigráfica assinala a construção, em 1375, de uma torre de menagem, apesar de lhe faltarem as características da base maciça com entrada a nível do pavimento elevado, presentes na de D. Dinis.
Durante o contexto da crise de 1383-1385, a povoação de Óbidos tomou o partido da infanta D. Beatriz e resistiu às forças do Mestre de Avis. Óbidos e o seu castelo só foram tomados após o falecimento, em combate, de seu alcaide, João Gonçalves, na batalha de Aljubarrota, em 1385.
Após a morte do filho único de D. João II e da rainha D. Leonor num acidente, esta última viveu no castelo de Óbidos e, em 1494, optou pelas águas termais da região para o tratamento da enfermidade que viria a vitimar D. João II no ano seguinte.
D. Manuel I deu um novo foral a Óbidos em 1513, procedendo, depois, a importantes melhoramentos na vila e no seu castelo.
No contexto das Invasões Francesas, foi da fortificação de Óbidos que dispararam os primeiros tiros de
artilharia na batalha de Roliça, que foi a primeira derrota de Napoleão no território português.
O castelo e toda a vila de Óbidos encontram-se classificados como Monumento Nacional pelo Decreto do Governo publicado em 5 de Janeiro de 1951.
A partir de
1932, o castelo e a vila de Óbidos sofreram as primeiras intervenções de consolidação, reconstrução e restauro a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), que se estenderam pelas décadas seguintes até aos nossos dias, tendo sido o espaço do castelejo requalificado como Pousada do Castelo (1948-1950).
Agora, podem estar a perguntar por que razão é que eu contei praticamente a história toda da vila de Óbidos. E a resposta é simples: eu considero que foram todos estes acontecimentos que fizeram da vila de Óbidos o que ela é hoje, uma vila como há poucas em Portugal, uma vila onde em cada recanto se encontra um bocado da nossa história, uma vila que resistiu perfeitamente à passagem do tempo, uma vila onde, hoje em dia, temos a sensação de voltar atrás no tempo, até à era de D. Afonso Henriques ou de D. Dinis, uma vila onde nos sentimos autênticos príncipes e princesas (ou reis e rainhas), quando visitamos o castelo medieval.
Por tudo isto, aconselho todos os leitores deste blogue a visitar Óbidos porque, de facto, esta pequena vila é muito importante para a história de Portugal.

Guilherme Gomes, aluno do 11º 2B/3

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